Páginas

História


A Associação Irmão Joaquim é uma instituição centenária. Constituída para cuidar dos pedintes que circulavam em Florianópolis e moravam sob pontes ou no interior de casas em ruínas, a entidade tratou logo no início de promover a construção do "Asylo de Mendicidade Irmão Joaquim", na então rua José Veiga, atual avenida Mauro Ramos, inaugurado em duas etapas, em 1910 e 1911. A construção fazia parte de um processo de modernização e higienização que a cidade viveu nas duas primeiras décadas do século 20, época em que a água potável foi encanada e construídas as redes de esgoto e de energia elétrica.

Durante esse período a população ganhava também a comodidade do transporte coletivo, com bondinhos sobre trilhos puxados por burro. Havia duas linhas. Uma delas passava justamente em frente ao asilo e fazia o percurso Agronômica, rua Mauro Ramos, General Bittencourt e rua Fernando Machado. A segunda linha compreendia o trajeto da rua Trompowski, região do morro do Céu (Beiramar Shopping) e Bocaiúva. A área onde estava sendo construído o asilo já era uma região nobre da cidade.
A associação foi criada por católicos da Catedral Metropolitana e por maçons. A pobreza extrema era observada principalmente em mulatos, mas existiam também brancos em situação de miséria. Segundo o professor Nereu do Vale Pereira, autor de títulos relacionados à história da cidade e que finaliza o livro "Associação Irmão Joaquim - 100 Anos de Amor ao Próximo", a ser publicado no centenário da entidade, a imprensa da época era caudalosa no registro de "maltrapilhos, famintos, ulcerados e aleijões", que habitavam o submundo da cidade. A cena era observada principalmente no jornal "O Estado", que "narrava episódios dantescos de gente jogada em porões e sob pontes", acrescenta Nereu. Uma das pontes ficava sobre o rio da Bulha, atualmente denominado canal da avenida Hercílio Luz.
Entre 1902 e 1910, antes do término da construção do asilo, o informativo "A Fé - Orgam da Associação Irmão Joaquim - Protectora dos Necessitados", cadastrava pobres e lhes fornecia semanalmente dinheiro, pão e carne na sede da entidade, localizada na rua João Pinto. A primeira etapa do asilo, inaugurada em 1910, tinha capacidade para 20 internos, e abrigava somente homens. A conclusão da ala esquerda do prédio, em 1911, abrigava 20 mulheres.